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15 de março de 2011

Quem precisa de escritório?

Nos últimos milênios, as 2 grandes transformações na maneira do homem trabalhar foram a agricultura, quando o homem deixou de ser um eremita coletor de alimentos, e a revolução industrial. Há cerca de 150 anos saiu de cena a força bruta e a tração animal. As máquinas faziam tudo de forma muito mais rápida, eficiente e de acordo com o desejo do homem.

Logo após a 2ª guerra mundial, disseminou pelo mundo o “american way of life”. A cena-símbolo dessa época é o pai de família, com paletó e valise, despedindo-se com um pudico beijo na bochecha de sua esposa de avental, à soleira de casa. Na frente da residência estava o imponente Chevrolet Bel Air da família, usado para ir e voltar do trabalho todos os dias.

Parece incrível a quantidade de pequenas e abruptas transformações que a sociedade sofreu desde então. Nas 3 últimas décadas, no meio de muitas mudanças sócio-culturais, ensaiamos nossa entrada à era do conhecimento. A tecnologia da informação se expandiu tanto quanto a demografia, de modo que não há mais espaço no mundo para todo cidadão pegar um carro, hoje muito barato e acessível, para ir e voltar do trabalho.

Na verdade, a tecnologia da informação traz pequenas revoluções quase todo ano, mas que impactam brutalmente na maneira das pessoas trabalharem. A internet foi uma delas. Há quem defenda que estamos trabalhando muito mais que antigamente, e que a tecnologia, ao invés de nos ajudar, só nos deixou mais sobrecarregados. A internet não nos trouxe mais trabalho, simplesmente: nós que não sabemos lidar com ela.

Foram necessários séculos para que a agricultura e as máquinas revolucionassem as sociedades, mas desde os primeiros bits e bytes, as mudanças passaram a ocorrer em uma ou duas gerações. Por isso estamos correndo pra lá e pra cá como baratas-tontas, tentando vencer agendas superlotadas e suspirando pelos bons tempos do Bel Air.

Vejam: o que seu pai (ou avô, dependendo de sua idade) fazia era despedir-se da família e dirigir-se a um prédio onde estariam as máquinas usadas para o exercício da função. Lá havia a troca de memorandos, as reuniões e os relatórios datilografados com cópias carbonadas. Tudo sob os olhares do chefe, a quem cabia checar se o trabalho estava sendo feito corretamente e se os empregados chegavam e saíam na hora certa.

Obviamente isto se tornou impraticável hoje em dia. Tem gente e carro demais no mundo. E falta tempo para darmos conta de todas as tarefas numa era de constantes mudanças. Parece que estamos amarrados às tradições, por isso que conceitos como teletrabalho e teleconferência custam a decolar. Muitas empresas não sabem como trocar o relógio-ponto por metas. E há a legislação trabalhista, que também precisa se adequar aos novos tempos, mas não sabe por onde começar.

O paradigma que mais custa cair por terra é o do escritório. Ele deixou de ser um lugar para ser um punhado de ferramentas.

O laptop e o smartphone nos livram dos deslocamentos diários. Não é mais necessário ir até onde as máquinas estão. A internet móvel permite que você trabalhe em casa, no café da esquina, na sala de espera do dentista. Os relatórios, documentos e memorandos estão na internet. Seu chefe pode monitorar seu trabalho a partir dos resultados. Reuniões são virtuais, isso se realmente forem necessárias. O trabalho com os colegas também é virtual, colaborativo.

Ninguém mais precisa do escritório. Nossa dependência dele é puramente psicológica. Sinceramente? Acho que não é o trabalho e a correria que nos deixa tensos, e sim, a necessidade de se ter alguém para dar um beijo de manhã cedo antes de sair... ter algum lugar para ir… e colegas com quem conversar…

Texto: Bia Kunze (via Blog TechTudo)
Fonte: Avisos Design Paraná e Santa Catarina
Foto por guiguis.  AtribuiçãoNenhum trabalho derivado Alguns direitos reservados.

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